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ICONOGRAFIA

ICONOGRAFIA DA IGREJA

Na edificação da Comunidade Paroquial do território do Parque das Nações, sob invocação de Nossa Senhora dos Navegantes, foi importante estruturar o Templo de acordo com a sua razão primeira de ser: Casa e Escola de Comunhão. Oriundos de diferentes comunidades, bebemos a mesma fé; sob diferentes prismas e formas, encontrámos Cristo, que nos chama e nos fala, que nos ama e instrui, que nos congrega, alimenta e envia em missão. Ele é o nosso centro, n’Ele somos Filhos de Deus, Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, o Salvador. Recebemo-l’O através de Maria, cujo Seio é Espaço de encontro entre Deus e o Homem, nela Deus e Homem unem-se (em Cristo) para nunca mais se separarem. Nesse sentido, Maria também hoje será a nossa casa, o nosso Templo, o Seio maternal da Igreja que nos acolhe, nos faz nascer e nos alimenta. Assim, a arquitetura da igreja sublinha dois acontecimentos cruciais: o Batismo, pelo qual nascemos para a comunhão; a Eucaristia, que nos alimenta e ensina, realizando a verdadeira comunhão.

Que comunhão é esta? Não é um mero ajuntamento de homens. É uma realidade divina que nasce e cresce em nós pelo acolhimento da Palavra, tal como Cristo se formou e cresceu no Seio da Virgem Maria. Por isso, esta comunhão realiza-se com o Amor de Deus. “Deus de tal modo Amou o Mundo que lhe deu o Seu Filho unigénito, para que todo o que n’Ele crê não morra, mas tenha a vida eterna.”

É esta comunhão que os homens, só por si, não conseguem ter. Mesmo que tenhamos exemplos louváveis de esforços humanos, situações e momentos que transportam luz e esperança para a humanidade, esta é uma realidade nova. Estamos convictos de que nasce de Deus. Mesmo que seja procurada apenas com a melhor das boas vontades humanas, a nossa experiência mostra-nos que sempre se revela a nossa impotência para a manter quando as condições se tornam adversas. Ao limite, somos impotentes perante a morte.

Assim, como aprendemos no primeiro momento que agora apontamos, Cristo é o único capaz de nos renovar e de plenificar em nós a vida. E Maria, atenta a isso, intercede por nós, mostrando-nos o caminho para a verdadeira comunhão.

A arquitetura da Igreja é carregada de símbolos, que nos ajudem a estar em sintonia com o carácter de verdadeiro mistério que ali celebramos. É muito bom que a arquitetura da Igreja esteja em função destes momentos. Como casa e escola de comunhão, é a casa do encontro com Deus, que se faz presente nos irmãos.
Obedecendo a uma arquitetura inequívoca, que a identifica com uma Igreja; que também exteriormente exprime a realidade do encontro e relação da vida humana com o divino, que nela se realiza em todos os tempos e circunstâncias.

DESTAQUES

Porta de entrada – Com uma execução cuidada, ela marca a diferença entre o interior e o exterior. Existe, depois, um espaço intermédio – Átrio -, que ajuda a interiorizar o convite que recebemos de Deus: também fisicamente percorremos um percurso até ao interior da igreja, onde se realiza a comunhão.

Cruz – sinal de contradição, de escândalo e de loucura para as culturas meramente humanas de todos os tempos, surge em realce não como objeto de adorno, mas como ponto verdadeiramente crucial na vida cristã, na vida de cada dia, e em cada ato litúrgico. Nela, contemplamos o Amor que não recua, que dá tudo, que enfrenta a própria morte na batalha decisiva, para a vencer na alegria da ressurreição. Não é uma cruz disfarçada, nem uma cruz que exacerba o sofrimento; mostra que Jesus, Deus verdadeiro, crucificado nela, abre o caminho Novo para a nova humanidade.

Centralidade – No interior, a disposição dos espaços e da assembleia, convergem para o que deve ser o seu centro: o Altar, centro da ação Litúrgica da Eucaristia.

Axialidade – Pareceu pertinente a necessidade de um eixo no próprio edifício. Um eixo que dinamiza a função da Igreja enquanto espaço celebrativo, tempo de encontro com Deus em nós, por nós, e para os irmãos.. O próprio corpo da Igreja (que aponta para a noção de corpo de Cristo) tendo um eixo que nos dinamiza para a liturgia, aponta para a presença de Cristo através dos pequenos sinais sensíveis dos sacramentos. Por isso, esta axialidade deverá realçar os focos litúrgicos:

Presidência – que é a cabeça da celebração, Cristo que está no meio de nós, e quem o torna presente é o presidente -, permite ainda espaço para outros celebrantes – 4 – e acólitos – 12.

Ambão (que é como a boca donde sai a Palavra) espaço privilegiado para a proclamação da Palavra de Deus.

Batistério (como elemento constituinte da Igreja). É o seio donde nascem os novos cristãos, onde pela água e pelo Espírito somos introduzidos na comunidade crente.

Assembleia – Assembleia é toda ela celebrante. Não é assistência. Há uma certa expectância na medida em que esperamos a manifestação de Deus. Mas há um protagonismo próprio da assembleia que celebra a sua fé, tendo no presidente a presença do próprio Cristo. É muito bom que a Assembleia possa ver-se, contemplar Deus nos outros, sinal de comunhão e de acolhimento do Outro.

Capela do Santíssimo – Não fazendo, à partida, parte do espaço de celebração, é local de culto, de encontro para oração silenciosa, de contemplação do Crente com Cristo presente no sacramento Eucarístico. Por outro lado, a Capela do Santíssimo, para além de favorecer o recolhimento, é espaço de acolhimento e realização de eucaristia para grupos mais reduzidos.

Em termos de Iconografia, pretendeu-se contemplar os cinco mistérios Luminosos do Rosário. Em comunhão profunda com o Santo Padre que nos propôs estes cinco quadros para contemplarmos na nossa oração a Maria, podem dar forma a toda a nossa Ação Litúrgica. Mais ainda, a própria Padroeira (Senhora dos Navegantes) é ela luminosa, qual farol que brilha e nos indica o caminho a seguir:

1º momento: O Batismo de Jesus
Junto do Batistério, assinalamos com este momento do primeiro mistério luminoso aquele que também é o nosso primeiro momento de acolhimento na comunidade cristã, da ação Sacramental do Espírito Santo em nós. Lembramos o momento em que dos céus Deus fez ouvir a sua voz a respeito de Cristo: “Este é o meu Filho muito Amado”. Unidos pelo Batismo a Cristo, associamo-nos a este Amor infinito que o Pai nos tem.

2º momento: Anúncio do Reino e Apelo à Conversão
Junto dos Confessionários (talvez em paralelo com o primeiro momento), marcando o lugar da reconciliação, este segundo momento que nos recorda o início da vida pública de Jesus. No seguimento de João Baptista, Jesus convida também à Conversão, mostrando a presença do Reino no meio de nós. “Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão perdoando os pecados de quem a Ele se dirige com humilde confiança, início do ministério de misericórdia que Ele prosseguirá exercendo até ao fim do mundo, especialmente através do sacramento da Reconciliação confiado à sua Igreja”. É porque acreditamos na força do Amor de Deus que nos deixamos atrair para Ele

3º momento: Bodas de Caná, Transfiguração de Jesus e Última Ceia
Este tríptico junto do Altar, na envolvência do Altar (Capela Mor), ilustra os outros 3 mistérios luminosos:

  • As bodas de Caná, onde recebemos o testamento de Maria, em que nos convida a irmos até Jesus, e fazer o que Ele nos diz. Atenta, Maria vê que o amor entre os homens é pequeno e limitado, cessa rapidamente, não tem em si a “nascente que brota continuamente, o rio que corre para a Vida eterna”. Este é Dom de Deus, que recebemos por Jesus Cristo. Maria, sabendo isso, vai ter com Jesus e diz-lhe: “não têm vinho”. Porque também a nós nos falta muitas vezes esse vinho, o Amor unitivo e oblativo, pedimos incessantemente a Maria que seja quem nos alerta para irmos até Jesus e fazermos o que Ele nos pede. “Transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os crentes”. A água da nossa vida é convertida em Amor, em comunhão. É neste rumo que navegamos na nossa vida, escutando Jesus e fazendo o que Ele nos diz.
  • A Transfiguração de Jesus, aponta-nos para o próprio mistério Eucarístico, onde os Dons Consagrados, quando comungados, operam na comunidade essa transfiguração, que se torna realmente corpo de Cristo. “A glória da divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai o acredita aos apóstolos extasiados para que o escutem e se disponham a viver com Ele o momento doloroso da Paixão, a fim de chegarem com Ele à glória da Ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Santo”. A Cena da Transfiguração aparece assim em lugar central do nosso espaço Litúrgico.
  • A Última Ceia, memorial do Senhor, em que Ele reparte o Pão da Vida e o Vinho da Salvação pelos seus discípulos e por todos os homens, como alimento de vida eterna. Contemplamos aqui a fonte de todos os sacramentos, a entrega total de Cristo. “Cristo faz-Se alimento com o Seu Corpo e o Seu Sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando até ao extremo o seu Amor pela humanidade, por cuja salvação se oferece em sacrifício.
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